A
ILUMINAÇÃO NOS CRIADOUROS
Revista SOAN 1999
Arquivo editado
em 09/05/2004
Como Chefe da Divisão da Canaricultura
do COF, tenho observado vários problemas nos diversos criadouros
que tenho visitado, que frustram as expectativas de produção
dos proprietários. Além dos aspectos: saúde dos reprodutores;
alimentação adequada; superpopulação; limpeza;
ventilação e ruídos pretendo falar sobre o fator iluminação.
Muitos criadores, por desconhecerem que
o pássaro no hemisfério sul não faz a diferenciação
entre inverno e verão pela temperatura ambiente e sim pelas durações
do dia e da noite, fazem uso da iluminação artificial para
atender às “suas necessidades” do que às dos seus pássaros.
Pelo desconforto diário de ter-se
que levantar muito cedo para cuida-los, muitos criadores optam por fazer-lo
após a volta do trabalho enebriando-se com o convívio destes
amáveis companheiros, mergulhando inadvertidamente em boa parte
da noite.
Normalmente os pássaros possuem
ciclos anuais. Os de cativeiro talvez artificialmente forçados pelo
homem através dos tempos, obedecem a um ciclo de aproximadamente
6 meses de cria x 6 meses de recuperação, podendo apresentar
pequenas variações de calendário, de espécies
para espécie. O fiel cumprimento desses ciclos por parte dos pássaros
é indispensável à obtenção da máxima
produtividade.
No caso dos canários, a partir
de janeiro quando os dias começam gradativamente a encurtarem sua
duração até junho, cria-se o estimulo à muda,
numa sábia determinação da natureza de prover um “casaco
novo” para melhor suportar o frio que se aproxima.
A partir de fins de abril e começo
de maio inicia-se um processo lento de excitação que culminará
dentro de 2 ou 3 meses em cio absoluto. Embora ainda sob a ação
de um frio intenso, os canários, dispõem-se, avidamente à
procriação sob a perspectiva do alongamento dos dias que
se sucederão o que possibilitará melhores condições
de busca de alimentação aos filhotes (não só
para maior tempo com a luz, mas também pela maior oferta de sementes
da primavera e verão) e melhores condições de amadurecimento
e vida própria destes ao desmamarem.
É evidente que o cativeiro cerceia
tais desenvolvimentos naturais. Contudo, não podemos deixar de raciocinar
em termos de seus instintos naturais, sob pena de maculá-los e sofrermos
as conseqüências.
As maiores decepções que
pude constatar em termos de entrada em muda de quase todo o plantel, abandono
de crias, etc., foram sempre de criadores que dispunham de uma eficiente
iluminação artificial, mas que fizeram mau uso.
Não raramente, em criadores sombrios,
que contavam apenas com a luz natural de uma ou duas acanhadas aberturas,
obteve-se melhor média de filhotes por casal, do que naqueles super-iluminados
mas sem qualquer respeito a ordem natural dos ciclos.
Pense Bem: Se um pássaro está
procriando com luz artificial que é acionada diariamente até
as 21:00 h, por exemplo, e, se por qualquer motivo deixar de recebe-la
(imposição de viagens, esquecimentos, etc), achará
que os dias passaram drasticamente a se encurtarem. Mais do que depressa,
ele entrará em processo de muda de penas, tentando recuperar o tempo
perdido (pois já deveria ter começado a faze-lo gradativamente).
Por outro lado, a manutenção
de iluminação artificial por períodos avançados
durante o ciclo de descanso, impedirá o pássaro de realizar
uma muda de penas sadia, por má percepção do que se
passa realmente em seu meio ambiente. Exigir-se deste mesmo pássaro,
saúde, vitalidade e disposição para criação,
é muita ingenuidade.
Diante do exposto, sugiro o emprego da
iluminação artificial como complemento à natureza
(que deverá ser explorada ao máximo), porém de forma
proporcional às estações do ano.
Ao final da época da criação
(no caso de canários DEZ) suspenda a iluminação artificial
completamente, já que os dias são extremamente longos. Apenas
nos dias nublados e chuvosos, faça a complementação.
A partir de então, deixe a possibilidade de nortearem-se pela redução
gradativa dos dias (o que dá-se muito sutilmente). O resultado é
uma muda lenta e gradual, sem desgastes excessivo, portanto.
A partir de maio, comece a estender lenta
e gradativamente iluminação artificial (primeiro deixando-a
disponível durante o dia todo mas sem diferença do comprimento
do dia; depois a estendendo). Procura-se com isto, amenizar o impacto das
exposições que se aproximam, bem como predispô-los
ao ciclo reprodutivo que se inicia.
Tenho lutado para que os horários
das exposições sejam reduzidos, bem como se observem a duração
dos eventos, para evitar que os nossos melhores pássaros se tornem
improdutivos pelo “stress” oriundo da maratona: Sociedade x Estadual x
Nacional e seus respectivos descontroles de iluminação.
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