Canaricultura Para Principiantes
A canaricultura atual impôs uma série de exigências para uma criação bem sucedida, fruto principalmente do melhoramento genético dos pássaros que, em contrapartida, determina um enfraquecimento em muitas das funções fisiológicas da ave, como por exemplo a reprodução. Quem já criou canários há 20 anos atrás, dificilmente teria sucesso hoje utilizando as mesmas técnicas. Freqüentemente vemos novatos abandonarem a canaricultura precocemente, desanimados com os resultados obtidos no primeiro ano de criação. O objetivo do presente artigo é fornecer noções básicas que possibilitem ao neófito ser bem sucedido nesse fascinante hobby que é a canaricultura. O Local de Criação O primeiro passo que deve ser dado quando se pretende criar canários é a escolha de um local adequado. Com freqüência, são vistos plantéis alojados em locais totalmente desprovidos das condições mínimas necessárias, principalmente resultantes de um "provisório" que acaba se tornando "definitivo". São comuns os casos de pessoas que mantêm seus pássaros em ambientes pequenos, escuros e mal iluminados, sendo que estes fatores facilmente determinam um completo fracasso na criação. Ao se iniciar uma criação de canários, o ideal é que se construa um cômodo específico para tal finalidade. No planejamento de um canaril, inicialmente deve-se calcular a área construída. Para este cálculo, pode-se utilizar a seguinte fórmula:P = 5 V onde P é a população do canaril e V é o volume do canaril em metros cúbicos. Considerando que um bom casal pode gerar até 8 filhotes por estação de choca, este cálculo deve levar em conta o número total de pássaros, para se evitar que se chegue ao final desta estação com uma superpopulação no cômodo. Exemplificando, suponha que o objetivo primário seja criar 10 casais de canários. Com este número, pode-se chegar ao fim da choca com 80 filhotes, perfazendo um total de 100 aves no canaril. Portanto, teriam-se: 100 = 5 V ou V = 100/5 = 20 m3, ou seja, um cômodo de aproximadamente 5 x 2 metros. Além desta característica volumétrica, as seguintes normas devem ser seguidas na construção de um canaril:
As Gaiolas e Utensílios A escolha das gaiolas é fundamental no início de qualquer criação. Embora possam ser fabricadas sob medida, o custo de tal procedimento inviabiliza tal iniciativa. Assim, resta a utilização de gaiolas de tamanho padrão. Dentre os vários tipos de gaiolas existentes no mercado, recomenda-se a utilização do modelo de 6 comedouros, que fornece um espaço razoável ao casal e sua cria e, fora da estação de reprodução, possibilita o alojamento de 2 filhotes que estão sendo preparados para o concurso. Além das gaiolas de reprodução, diversos criadores usam os chamados gaiolões (ou voadeiras), que permitem o alojamento de 20 ou mais pássaros, filhotes ou adultos. Estes gaiolões só devem ser utilizados quando o criador possui um plantel muito grande, que inviabilize a individualização dos pássaros, pois é notório que aves agrupadas em pequenos espaços vivem em constante stress, resultante de disputa por comida, espaço e companheiro. Este stress interfere sobremaneira na função reprodutiva da ave, sendo a principal causa de insucesso nem uma criação. Cada gaiola exige uma série de utensílios, como poleiros, comedouros tipo meia-lua, bebedouros e banheiras. Estes devem ser, na medida do possível, padronizados, o que dá à criação um aspecto de capricho por parte do canaricultor. Com relação aos poleiros, sua espessura deve ser suficiente para que o pássaro os agarre sem ficar com os dedos muito abertos, nem encontrando um com o outro por baixo dos mesmos. Formação do Plantel São comuns os casos de neófitos que desistem da canaricultura devido a insucessos provocados pela aquisição de aves de qualidade inferior. Quando se decide criar canários, deve-se procurar começar com um número pequeno de casais e sempre adquiri-los de um criador conhecido, preferencialmente após indicação de algum clube de criadores. Não se deve esquecer, entretanto, que nem sempre a aquisição de vários pássaros campeões garante o nascimento de filhotes do mesmo nível, pois apenas um trabalho a longo prazo, usando judiciosamente as leis da genética, pode garantir tal sucesso. Alimentação Indiscutivelmente, o fator mais importante numa criação bem sucedida é a alimentação. Infelizmente, a canaricultura ainda não atingiu um estágio que possibilitasse estudos científicos concretos acerca das necessidades nutricionais dos canários, a exemplo do que já ocorre com outras espécies domésticas. Assim, a nutrição destas aves é empírica e, na grande maioria das vezes, errada. Os canários são aves granívoras e, evidentemente, os grãos devem ser a base de sua alimentação. As sementes mais utilizadas são alpiste, nabão, aveia, colza e níger; alguns criadores usam ainda outras sementes menos aceitas pelos pássaros, como senha e linhaça. A forma de administração varia de acordo com a facilidade de manejo, podendo as sementes serem fornecidas em misturas ou separadamente, sendo este último método o preferível, pois evita que as aves catem aquelas que mais lhe apetecem. Além das sementes, a chamada farinhada é um complemento nutricional importante, especialmente na época da reprodução. A farinhada é composta por alimentos farináceos misturada, imediatamente antes de ser fornecida, com ovo cozido integral ou só a gema, o que é melhor. Em sua formulação, cada criador usa ingredientes diversos em variadas proporções, como Milharina, Neston, Mucilon e outros. Atualmente já existem no comércio farinhadas nacionais e importadas prontas, de excelente qualidade, que normalmente já possuem em sua fórmula gema de ovo liofilizada, bastando ser levemente umedecidas e fornecidas aos pássaros. Estas farinhadas prontas são mais adequadas nutricionalmente e facilitam o trabalho do canaricultor. Os canários com fator vermelho devem receber, junto à sua alimentação, um suplemento de cantaxantina, uma pró-vitamina A, necessária à manutenção de sua cor característica. O fornecimento de cantaxantina é feito por sua incorporação à farinhada, na proporção de 5 gramas para cada quilo desta. Além dos itens descritos acima, a alimentação dos canários pode ser complementada com verduras (couve ou almeirão), maçã e jiló, muito mais para agradar aos pássaros do que por seu aspecto nutricional. O uso destes complementos deve ser evitado nos primeiros dias de vida dos filhotes pois a canária, por uma questão de facilidade, tende a sobrecarregá-los com estes alimentos, comprometendo sua nutrição. Finalmente deve-se lembrar do mais importante nutriente a ser fornecido: a água, que deve ser sempre limpa e estar à disposição das aves. Manejo Geral As tarefas diárias do canaril devem se constituir em uma rotina a ser seguida pelo responsável pelo tratamento das aves. As seguintes operações devem ser realizadas:
Reprodução A reprodução dos canários acontece entre os meses de agosto a dezembro. Normalmente faz-se o acasalamento na segunda quinzena de Julho para que, no início de agosto, já possam ser observadas as primeiras posturas. Para a reproduçao, devem ser observados os seguintes itens:
(artigo retirado da Revista da União Independente de Criadores de Canários - 1997) Voltar Página Menu Artigos Outros Artigos
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