RECEITA PARA FAZER CREST
José Luis de Castro Silva
Juiz da OBJO
Revista SOSM
Arquivo editado em 15/12/2006
Um didático passo-a-passo para obtenção do Crest a partir de cruzamentos e seleção.
Introdução
Vários criadores já nos perguntaram se é possível com pássaros de outras raças existentes em quantidade no Brasil, fabricar pássaros da raça Crest, face a dificuldade de se conseguir os chamados “puros”, pela sua baixa disponibilidade e preços elevados.
A resposta é: Sim!
Nós mesmos no início dos anos 80, quando o material disponível era bem mais escasso e de quantidade inferior, já conseguimos bons exemplares da raça.
Hoje há pássaros que melhor se prestam para tal fim e é possível reconstruí-los.
Quem se dispuser a executar tal tarefa necessita:
a)Conhecer bem as características da raça Crest que aparecem em nosso manual de julgamento.
b)Ter paciência e perseverança, pois nem sempre os resultados surgem de acordo com nossos planos.
c)Se conscientizar, que os mestiços obtidos nas duas primeiras gerações não servem para exposições e não devem ser passados a outros criadores, sem que seja esclarecida, convenientemente, sua origem e porque surgiram no criadouro.
A Receita
Para se chegar ao objetivo necessitamos de pássaros das raças Gloster,Norwich e Lancashire.
Os da raça Gloster devem ser machos, com ótimo topete e do maior tamanho possível. Estes existem em número apreciável entre os nossos criadores.
Os da raça Norwich devem ser pássaros normais e se possível de tamnaho avantajado, sem quistos.
Os da raça Lancashire devem ser grandes, com o topete de preferência redondo, o que não está de acordo com os padrões do Lancashire, mas que também existe por aí, em quantidade apreciável.
O Gloster contribuirá com a forma e com o topete.
O Norwich contribuirá com a forma e o tamanho.
O Lancashite servirá para aumentar o tamanho e transmitir aos mestiços, características par formação do topete e penas longas.
A receita em si consiste em produzir mestiços que possuam em seu patrimônio genético algumas características da raça Crest e mescla-los.
Primeiro Ano – mínimo de dois casais
1º Casal – Macho Gloster nevado, de preferência, melânico x fêmea Norwich intensa.
2º Casal – Macho Norwich intenso ou nevado melânico x fêmea Lancashire nevada lipocrômica ou pintada.
A utilização dos machos de menor tamanho, por experiência, torna mais fácil os acasalamentos e produz mestiços, normalmente maiores do que quando utilizamos fêmeas menores.
A utilização de pássaros intensos neste primeiro ano visa evitar, inicialmente, o duplo nevadismo.
Os mestiços do primeiro casal serão de tamanho intermediário entre o das duas raças e não devem apresentar topetes de boa qualidade mas serão importantes para o programa assim como os pássaros sem topete.
Os mestiços do segundo casal terão tamanho internediário entre o Norwich e o Lancashire podendo ultrapassar o tamanho necessário ao Crest. Os topetes terão problemas idênticos ao do primeiro casal.
Tal fato ocorre toda vez que utilizamos um pássaro com topete acasalado a outro que não seja originário de uma pássaro com topete.
O passo seguinte, após a criação é a seleção dos mestiços que serão utilizados no 2º ano.
Devemos escolher:
Do primeiro casal: os de melhor topete e os maiores sem topete.
Do segundo casal: de forma idêntica.
Se tivermos “sorte”, poderemos estudar os acasalamentos do 2º ano, tendo o cuidado de reservar como suplentes um pássaro de cada tipo.
2º ano – mínimo de dois casais:
Primeiro casal – macho com topete do casal Gloster x Norwich com fêmea sem topete do casal Norwich x Lancashire.
Segundo casal – macho com topete do casal Norwich x Lancashire com fêmea sem topete do casal Gloster x Norwich
Se for possível fazer mais um casal, utilizar macho Gloster x fêmea, sem topete do casal Norwich x Lancashire para obter alguns pássaros de topete melhor.
Destes acasalamentos acima (primeiro e segundo) vamos obter pássaros com o tamanho bem próximo ou até no segundo casal alguns, pouco maiores que o desejável para o Crest.
Neste segundo ano se for possível, o ideal é manter o acasalamento intenso x nevado.
O passo seguinte após a criação é a seleção.
Nestes acasalamentos do segundo ano já devemos obter pássaros bem próximos da raça Crest e as seleções devem ser feitas para o terceiro ano, baseando-se nos pássaros dos dois casais de melhor forma e topete, pois no tamanho todos devem satisfazer as necessidades.
Se o terceiro casal foi feito e foram obtidos pássaros com topete de boa qualidade poderão ser utilizados para aprimorar as quantidades dos topetes.
3º ano – mínimo de três casais.
Neste ano, após selecionar os melhores pássaros do segundo ano, independentemente da origem vamos acasalar:
a)O melhor pássaro de topete do 2º ano com o melhor sem topete do mesmo ano.
b)O segundo melhor de topete do 2º ano com o melhor sem topete do mesmo ano.
c)O terceiro melhor de topete do 2º ano com o 3º melhor sem topete do mesmo ano.
Independentemente do sexo, origem ou categoria mas a argúcia do criador é de suma importância na escolha dos casais (topete e forma).
Se o casal com o macho inicial gloster foi feito no 2º ano estes mestiços devem também ser incluídos na seleção.
Dos três casais do 3º ano, certamente, aparecerão alguns reconstituídos em condições de participar com sucesso em exposições ou seja PPC (puros por cruzamento).
Conclusão
A tarefa, hoje, nos parece bem mais simples que há vinte anos atrás, mas é fundamental que o criador estabeleça seu programa, o siga e tenha paciência, perseverança e também um pouco e sorte para atingir no final do terceiro ano o objetivo.
Depois, como os pássaros iniciais eram originários de raças distintas, podemos continuar criando-os, entre si, em consangüinidade, tranqüilamente por mais três ou quatro temporadas, seguindo o critério do terceiro ano, sempre aprimorando as qualidades até pode se adquirir um dos chamados “puros” para corrigir falhas que ainda existam.
A receita aí está e com paciência, perseverança e também um pouco de sorte, pode-se fixar uma linha da raça.

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